Falar de nossa associação é como falar de mim mesma – estamos eternamente entrelaçadas. Sonho de estudante de Letras no início dos anos 70 – o ofício de tradutor juramentado é nobre, é o ápice profissional de um estudante e amante de idiomas. E ainda mais, gozar de fé pública! Que privilégio e que responsabilidade!
Também não dá para falar no assunto sem falar de Marisol Mandarino, Laerte J Silva, Márcio Gomes e Francisco Schmidt – quatro nomes fundamentais desde o começo.
Concurso público em 2008. Um ano se passa e nada de posse. Em início de 2009, Marisol Mandarino criou o grupo TPICS2008POSSEJA no Yahoo, que se tornou a mola mestra para contato e articulação dos aprovados. Foi um trabalho de ciscagem, literalmente. Um procurava o outro e avisava.
Um pequeno grupo se reuniu no College, escola de inglês do TPIC Márcio Rubens Gomes, para trocar informações, se inteirar dos acontecimentos e estabelecer as ações necessárias. Ali, naquele momento, já começava a se delinear uma pequena associação de colegas em defesa do exercício do ofício. Tudo se resolveu bem e em 28 de maio de 2009 fomos empossados pela Junta Comercial de Minas Gerais como os novos Tradutores Juramentados de Minas Gerais.
E agora? Estávamos nós em um vasto e desconhecido mundo. O que fazer? Como fazer? Não havia fontes de referência, nenhum documento que nos guiasse pelo labirinto de informações que um documento público exige ao ser traduzido. Colegas já antigos no ofício nos passaram algumas dicas em uma reunião. Não havia uma entidade que nos ajudasse e representasse junto às autoridades.
Havia a ASTRAJUR, a antiga Associação de MG. Quisemos então ativá-la, mas, apesar de muitas negociações e tentativas, choro e ranger de dentes, tivemos que decidir por fundar uma nova associação, com novo nome, estatuto, sede e coisa e tal.
Continuamos, um pequeno grupo, a nos reunir no College. Márcio Rubens ofereceu o College como a primeira sede, para obtermos o alvará junto à Prefeitura. Francisco Schmidt ofereceu conta inativa na Caixa Econômica para receber as primeiras contribuições para as despesas de fundação da Associação. Laerte José da Silva e eu nos debruçamos nos estatutos e nas formalidades necessárias. Ele mandava o rascunho, eu editava, devolvia, ele fazia os comentários. Fomos uma dupla imbatível, cheia de entusiasmo e ideias. Os colegas Márcio Rubens, Nina de Melo, Alexandre Sobreira, Francisco Schmidt e Marisol Mandarino reviam tudo, até que chegamos à redação final. Montamos a primeira chapa para a primeira eleição. Laerte montou uma eleição online via Ballotbin; Marilurdes Nunes, à época TPIC de espanhol e representante da ASTRAJUR, cedeu seu escritório para apuração dos votos em tempo real. Além de Laerte, Marilurdes e eu, lembro-me que Wolf Kux e José Carlos Henrique Prieto estavam lá para fiscalizar a lisura do processo. Sei que outros lá estavam, mas, infelizmente, não me lembro. Começava ali uma associação de todos e para todos!
Eleição finda, vamos ao trabalho. 50 TPICs colaboraram com o aporte inicial para dar a partida.
Encontrar contador – Julieta Boedo recomendou o dela, que é o nosso contador até hoje; recolher dados de toda a diretoria, preencher a papelada e fazer o registro de nossa ATP-MG. Francisco Schmidt tornou-se nosso tesoureiro, que cuida de nossos interesses desde o começo. Articulador, diplomata, foi nossa interface com a turma antiga.
Burocracia vencida. Laerte entrou em contato com a ATPRIO que, na pessoa de Aloysio de Moraes, seu presidente à época, gentilmente o convidou para uma reunião pré-almoço de aniversário da Associação deles. Eu o acompanhei às minhas expensas. Aí começava o contato oficial associativo.
Em dezembro de 2009, fizemos nossa primeira confraternização no restaurante do Minas Tênis Clube com direito a sorteio de amigo oculto. Tudo era alegria e entusiasmo.
2010 – Agora vamos à identidade de nossa Associação. Logotipo? Como será? Tentamos, Laerte e eu, fazer um sketch. Não deu. Não havia dinheiro para contratar profissional adequado. Laerte conseguiu um rapaz cheio de boa vontade, e lá fui eu, ajustando o que era possível e submetendo as possibilidades aos associados. Nina de Melo foi a única que se manifestou contrária à decisão final, mas… não tínhamos recursos para fazer nada melhor! A tarefa tinha que ser cumprida, portanto…
Partimos então para a coleta de dados e montagem do nosso site – outra aventura que iria consumir horas e horas de pesquisa e aprendizado, em redação de textos, procura de modelos, ideias de como fazer, o que postar. Tudo era uma folha em branco esperando afoita e sedenta, louca para absorver pensamentos e técnicas e conselhos e informação, muita informação. Agora já tínhamos um logotipo e um site institucional – tudo feito artesanalmente com muita dedicação, entusiasmo e amor ao ofício.
Laerte criou a página na Wikipedia sobre Tradução Juramentada (pouquíssimas pessoas sabem disso!) e eu adicionei informações ao tópico. Hoje em dia, há contribuições de vários outros tradutores juramentados. Confira aqui: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tradu%C3%A7%C3%A3o_juramentada
Em julho de 2010, Marisol Mandarino organizou o 1º Encontro dos Tradutores Juramentados de Minas Gerais que contou com a presença de vários TPICs, representantes da ATP-RIO, da Bahia e da Jucemg em Juiz de Fora. Apresentei modelos de traduções antigas e o primeiro roteiro, após estudos, pesquisas, sugestões recolhidas aqui e ali, para o que se tornariam as Diretrizes Básicas.
Em 09 de setembro, nosso primeiro presidente entregou o cargo. Eu assumi interinamente. Em dezembro de 2010, foi feita outra eleição e eu me tornei a Presidente da entidade, tendo como Vice-Presidente o colega Alexandre Sobreira.
Fica aqui a minha homenagem ao querido colega Laerte J Silva, com quem tive a alegria e o prazer de aprender muito e trabalhar pelo nosso ofício. Obrigada, Laerte! Um novo tempo começava. Depois conto mais!
Capítulo 01 de 03 – Por Dulce Castro, TPIC de inglês – Matrícula #760 de 28/05/09